quarta-feira, 15 de maio de 2013

Em uma galáxia muito, muito distante


Ele que era mais conhecido por nada ver, nada ouvir, nada saber, acordou naquele dia não se lembrando de quase nada, diferentemente das ocasiões anteriores não era "migué" por pura conveniência. Ele realmente estava tendo surtos de amnésia.

Estavam reunidos todos no palácio, o dinheiro gasto em seus ternos, sapatos e no vinho que degustavam daria para construir pelo menos meia dúzia de casas populares. Dinheiro este, que eles que se auto proclamavam verdadeiros representantes do povo, os nossos gladiadores cuja missão sagrada era nos livrar da opressão "das elite" não faziam a menor idéia de como fora parar em suas contas bancarias.

Discutiam quem deveria ser o seu  próximo sucessor, dar continuidade à agenda do partido, bem como continuar os feitos dele, feitos estes nunca antes vistos na historia do país. Se bem que, se alguém houvesse igualado os feitos destes elementos antes, há muito que o país nem história teria mais para contar.

Como  chefe deles, ele foi o primeiro a sugerir um nome.

- É um brincalhão. Responderam em coro.

- Estou falando sério companheiros.

- É que, companheiro, depois do escândalo da mesada em troca de apoio no congresso o filme dele ficou tão queimado que se escapar da cadeia já é lucro. Respondeu um dos correligionários.

Ele com uma risadinha amarela tentando não deixar transparecer que estava boiando mais que suas palavras numa privada, retrucou

- Claro, claro, todos sabemos que o candidato a sucessor é o nosso companheiro ministro do planejamento.

Todos se entreolharam, imaginando se aquilo fora mais uma brincadeira de mau gosto, ou se ele tinha de fato enlouquecido.

- Ih Presidente, depois do escândalo do lixo, dos problemas com o caseiro e a cafetina é melhor esperar, o povo tem memória curta, mas nem tanto.

Pelas caras dos camaradas ele percebeu que devia ter se equivocado de novo, resolveu mudar de estratégia.

- Bem, os companheiros devem ter uma lista de nomes para a gente analisarmos, não tem?

Repassaram então uns quarenta nomes, porém com as recentes atualizações nos currículos dos companheiros, a lista estava mais para lista de procurados do FBI do que para uma relação de possíveis candidatos a presidência. Na verdade só restava um nome, o qual poderiam lançar como candidato sem provocar muitos risos na população.

O Presidente teve que ser amparado para não cair da cadeira, tamanho o choque que foi para ele saber que os velhos companheiros de batalha estavam realmente enlameados.

Que performance, que atuação, quando eu crescer quero ser que nem ele, até entre nós ele consegue convencer que nada viu, nada ouve, nada sabe. Pensou um dos dirigentes do partido.

O Presidente por sua vez, começava a ficar apavorado, o que acontecera para ele não se lembrar de nada a respeito destes acontecimentos? O porre da noite anterior tinha sido homérico, mas todos os porres de todas as noites anteriores também o foram. Ou será que chega um momento em que finalmente a cachaça cobra seu preço?

- Companheiros, tem certeza de que só resta essa companheira de fé?

- Infelizmente sim Presidente.

- Vocês acham que ela tem alguma chance com todos estes antecedentes? Continuou o Presidente, claramente apavorado, fazendo promessas para si mesmo de que se acordasse daquele pesadelo iria maneirar na bebida.

Nisto interferiu o publicitário do partido.

- A nosso favor temos o fato do povo ter memória curta e a leitura menor ainda. O mais difícil vai ser ajeitar o cabelo e a laje dela, mas nada que alguns milhões não resolvam, elegemos o senhor, não elegemos?

Foi só então que o Presidente relaxou um pouco, o futuro do país e do partido estava a salvo. Tomou uma taça de vinho num só gole e passou para a próxima pauta da reunião.

- O que podemos fazer para o Curíntia ser campeão Brasileiro?

- Nada que alguns milhões não resolvam, reelegemos o senhor não reelegemos?









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