sexta-feira, 3 de maio de 2013

Operação Cálice (ou a Mulher que era Honesta demais)



A fase final da operação Cálice, foi deflagrada pela Policia Federal no horario de sempre, as seis e meia da manhã.

A policia costuma cumprir os mandados de prisão nos casos de crime de colarinho branco bem cedinho, pois segundo o serviço de inteligencia federal a esta hora os ricaços que costumam levar uma vida mansa ainda estão no bom do sono, o que garante a prisão dos meliantes e o sucesso da operação.

Pois desta feita, o final da operação começou com um fiasco, dezenas de agentes invadiram a casa enquanto atiradores de elite com seus rifles apontados para cada possível saída estavam a postos para evitar a fuga da meliante, helicópteros rondavam os céus, preparados para uma possível caçada, como se um senhora de sessenta e dois anos fosse tentar fugir de tantos policiais bem treinados e fortemente armados, talvez não tão bem treinados, mas com certeza fortemente armados, a criminosa porém, não estava em casa.

O diretor de inteligencia, um antigo correligionario do partido, que havia sido nomeado para o cargo, aparentemente mais pela sua lealdade a revolução do que pela inteligência, não havia levado em consideração o fato de que a suspeita Maria de Lurdes de Oliveira e Flores empresária do ramo hoteleiro, que acordava sempre as cinco horas da manhã, antes mesmo das seis já estava em seu escritório - Deus ajuda quem cedo madruga - era uma espécie de moto familiar, que vinha desde seu bisavó Manoel de Oliveira e Flores, imigrante português que a muito custo construíra um casarão, onde montou uma pensão e graças a muita economia, trabalho árduo e frugalidade suas e dos seus descendentes o pequeno negócio familiar cresceu a ponto de se tornar um império hoteleiro.

Refeitos do trauma rumaram todos, helicopteros, agentes, desta vez já acompanhados do pessoal da televisão, para o possível paradeiro da bandida, o hotel foi cercado, a rua fechada, quando os agentes entraram foi um verdadeiro pandemônio, os hospedes em sua maioria estrangeiros se sentiram como num filme, imaginando que provavelmente estavam em meio a alguma caçada a terroristas.

A suspeita quase passou a vitima de infarto quando a porta de seu escritório foi arrombada e uma dúzia de metralhadoras foram apontadas em sua direção. O diretor de inteligência irrompeu por detrás dos atiradores dando voz de prisão a Maria de Lurdes.



- Teje presa. Disse o diretor usando seu melhor português.

- Sob qual acusação? Perguntou Maria de Lurdes, ainda respirando com dificuldade.

- Subversão, alta traição, anarquia e conspiração contra o sistema. Esta tudo aqui neste dossiê. Arrematou o diretor jogando um pasta enorme em cima da mesa dela.



A empresária alisava a pasta olhando incrédula para aquele homem gordo, barbudo, com cara e nariz de bebum que a acusava de tais absurdos.


- Tá tudo aí - continuou o diretor em seu português perfeito para um partidário - nem se preocupe em ler, vou resumir para você. Impostos em dia, nunca usou um laranja, nunca venceu um licitação publica, patrimônio bate com a declaração de renda, e a coisa fica pior, o patrimônio de toda família bate com as "declaração de renda dos indivíduo" - continuava ele com seu português avesso a concordâncias - as "elite" deste país acham que vão conseguir o que? Fabricar a candidata perfeita?

- Mas não sou candidata a nada. Retrucou Maria de Lurdes, já bem preocupada com a situação.

- Tentativa de golpe, é isso que as "elite" querem, primeiro inventaram o mensalão para colocarem na cadeia cidadãos da melhor estirpe, agora vem a segunda parte, brugueses com reputação ilibada como candidatos a presidência, nunca na história desse país se viu um desatino destes, você vai é apodrecer na cadeia para servir de exemplo.







4 comentários:

  1. Leandro Fridel, obrigado pela dica, se a crônica ficou a contento, compartilhe com os amigos, se não, compartilhe com os inimigos.

    Abraço

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  2. Ficou muito show e bate com alguem que conheço.rsrs.o trabalhado honesto que se esforça para o sustento e estudo da familia e filhos é na verdade o bandido mais procurado por eles.

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  3. O trabalhador, de forma bem mais disfarçada, mas não menos violenta, esta sempre na mira deles.

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